A FIDI e sua estratégia emergencial durante a falta de contraste para exames de imagem

A falta de contraste nos exames de diagnóstico por imagem tem sido um tema recorrente entre os profissionais da área médica. 

Há várias razões pelas quais o contraste é importante em exames de diagnóstico por imagem. Primeiro, o contraste permite que os profissionais da área médica possam ver os detalhes de uma imagem. Estes detalhes podem ser cruciais para determinar se há alguma anormalidade na imagem. Em segundo lugar, o contraste também ajuda os profissionais da área médica a entender a relação entre as áreas.

Para compreender melhor a questão de baixa de insumos no mercado de diagnóstico por imagem, entrevistamos o médico Dr. Luis Tibana, responsável pela área médica da FIDI para saber como a empresa se posicionou com a oferta de contraste, e atuou de forma estrategista, conscientizando sobre o novo protocolo vigente.

O contexto de falta de contraste no Brasil e mundo

Segundo o Dr. Luis Tibana, em 2022, um pouco antes já havia um cenário de falta de contraste no mundo todo. Por conta da política de COVID com fechamento de porto em Xangai comprometeu a entrega de insumos no mundo. 

Dr. Luís Tibana: Uma empresa que sofreu muito foi a GE e no caso da Fidi, seu principal fornecedor de contraste. Embora o fornecimento do nosso contraste não tenha sido cortado, nós adiamos precavendo a possível falta.

1. Como foi o método de administração e racionamento de contraste nos hospitais em que a FIDI atua?

Dr. Luís Tibana: Sabendo que poderia acontecer a falta de fornecimento, foi necessário aplicar a política de racionamento. O primeiro passo foi diagnosticar esta política de racionamento e depois educar o mercado para a nova prática. 

Entendemos na ocasião que o cenário mais apropriado seria não utilizar em um exame onde o paciente não precise de contraste e ainda assim, a eficácia do exame continuar o mesmo.

A FIDI estudou as práticas aplicadas para a melhor decisão frente a possível falta de insumos, ainda trazendo a acurácia de exames. 

Um exemplo foi as angiologias, que não se pratica o exame na falta de contraste.

Em outras situações, priorizamos casos de vida ou morte, onde não há como abdicar o uso de contraste em detrimento ao uso laboratorial. Em casos oncológicos, não renunciamos ao melhor diagnóstico.

No caso de outros diagnósticos, optamos pelo protocolo. 

2. A situação já foi normalizada? Se sim, houve alguma mudança em relação aos procedimentos para realização de exames com contrastes? Se não, quais são as medidas adotadas para otimizar o uso de contrastes?

Dr. Luís Tibana: A FIDI está antenada no que está acontecendo quanto a isso.

Entendemos que adotar um único fornecedor de insumos pode ser um problema. Nossa estratégia, antes de tudo foi diversificar os fornecedores, e evitar possíveis riscos de falta no mercado.

Agora, com o suprimento normalizado, voltamos ao protocolo de uso normal e não racional, a partir do momento que tivemos 100% do procedimento. Mas educamos por meio do protocolo, a estratégia em decidir quais exames existem a necessidade de uso de contraste, sem perder acuracidade do exame.

3. Quais exames foram diretamente impactados pelo racionamento de contraste? A acurácia dos resultados foi mantida?

Dr. Luís Tibana: Angiologia não teve impactos, visto que requer o uso do insumo.

Os exames de tomografia de crânio, por exemplo, o nosso protocolo é não injetar contraste. Porque uma dor de cabeça pode não ter a necessidade de contraste. O radiologista, em tempos de escassez, teve a importância de dividir a tomada de uso ou não. Tivemos a questão de categorizar para o novo protocolo.

4. Houve diminuição no número de exames devido à falta de contraste? Se sim, qual a porcentagem da redução?

Dr. Luís Tibana: Este era o nosso temor.  Muito possível que, em alguns momentos houvesse queda de exames se optássemos por não realizar o procedimento por falta de contraste. Como foi um desabastecimento parcial, conseguimos realizar otimizações e nenhum exame foi perdido.

5. Foram realizados exames alternativos para substituir os que são feitos com contraste? Se sim, a qualidade dos resultados foi mantida?

Dr. Luís Tibana: No protocolo de racionamento que divulgamos, coube também orientar o médico prescritor que haveria outros exames que poderiam complementar aqueles que não houvesse o uso de contraste.

Fizemos uma lista de exames, um de /para com pedido de exame com contraste.

Assim, algumas hipóteses diagnósticas podem ter seus exames substituídos por métodos alternativos para a eficácia do diagnóstico. O trabalho realizado foi de educação top down. Conversamos com o público de cada hospital, conscientizamos o corpo clínico, de que seria uma política de exceção para atender o momento. 

No começo, antevendo o que poderia acontecer, vários diretores clínicos se opuseram, acreditando que poderia ser uma questão de custos. A comunicação governamental de que haveria uma possível falta, demorou a chegar. Após a nota de esclarecimento, ficou mais plausível convencer a diretoria médica sobre o novo protocolo a ser adotado. (Veja esclarecimentos da cbr – Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem aqui)

Para nós da Fidi, o contraste é um insumo essencial em nossa atividade. Realizamos em média de 800 mil tomografias por ano e consumimos cerca de 15 mil toneladas/ano de contraste. Saiba Mais.

Então, quando falamos em evitar uma injeção desenfreada de contraste, não estamos apenas cuidando da exposição desnecessária de contraste no paciente, também estamos reservando aquele lote de contraste que poderá estar em falta.

Muitas vezes existe o uso do contraste de forma desnecessária, com exames que não interferem se tiver ou não o contraste. 

No momento, o protocolo em si voltou ao normal. O uso em urgência e emergência permanecem. Mas estamos antenados para possíveis faltas do insumo no Brasil.

Confira a entrevista na íntegra: